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A Casa

História

Casa
Grande
Romarigães.

A casa grande de Romarigães terá sido erguida no séc XVII em Romarigães, no concelho de Paredes de Coura, em torno da construção da capela de Nossa Senhora do Amparo, conformando a Quinta do Amparo.

Terá servido de cenário literário a uma das mais simbólicas obras do escritor Aquilino Ribeiro – A Casa Grande de Romarigães, escrita entre 1950 e 1957, ano da sua publicação.

A estrutura arquitectónica foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1986, atribuição que fomentou o estudo da sua evolução morfológica na tese de mestrado A Casa Grande de Romarigães. Um contributo histórico e arquitectónico., realizada pela arquitecta Maria Pedroso de Lima, em 2016, bisneta do escritor.
Com base nas constantes descrições na obra de Aquilino Ribeiro, e do seu confronto com a documentação histórica encontrada, comprova-se a importância e influência deste solar para a organização social, cultural e económica deste lugar.

O romance A Casa Grande de Romarigães constitui uma obra ímpar da literatura portuguesa. Trata-se de uma obra marcante sobre uma região do interior de Portugal e contém uma trama ficcional que obedece à geografia física e humana do lugar. As suas páginas representam um contributo valioso para o estudo da relação entre o espaço local e a sociedade englobante, o seu texto evoca e revê a memória dos feitos que aqui ocorreram.

A Quinta do Amparo terá marcado o início da afirmação de uma das famílias mais influentes na região que, ao longo de quase três séculos habitou o solar também conhecido por Casa Grande de Romarigães.

Um exemplo notável do património histórico e arquitetónico de Portugal.

Um facto interessante sobre este edifício é que é conhecido por ser uma das casas senhoriais mais emblemáticas de Portugal, destacando-se pela sua arquitetura imponente e pelas histórias que lhe estão associadas.

História

Um lugar
de intensa
devoção cristã.

A Casa Grande de Romarigães, afirmou-se, ao longo do tempo, como um lugar de intensa devoção cristã em torno da sua capela votada a Nossa Senhora do Amparo. As palavras de Aquilino remontam para a existência de um pequeno nicho em Romarigães. Contudo, nenhum dado histórico comprova a sua localização.

Ao longo da obra, A Casa Grande de Romarigães, Aquilino Ribeiro faz referência ao humiladero, um vocábulo que usa para designar a capelinha original que existiu na Quinta de Nossa Senhora do Amparo e que foi demolida para dar lugar à que hoje encontramos dentro dos limites da propriedade.

O antigo caminho Lima passava junto à aldeia de Romarigães, integrado nos Caminhos de Santiago de Compostela, tem troço entre Ponte Lima e Valença. A prática associada a este percurso faz com que este território seja pontuado por inúmeras capelas. No seguimento desta lógica, a existência de um nicho em Romarigães é bastante possível, visto que a aldeia está integrada nesta rede de caminhos com destino a Santiago de Compostela.

Gonçalo da Cunha, o primeiro proprietário da Quinta do Amparo, realizou a promessa da construção da capela em honra a Nossa Senhora do Amparo. Contudo, Aquilino descreve com detalhe o início da construção da Quinta do Amparo, que se concretizou com Domingos da Cunha, o segundo proprietário. Após a finalização de uma parte da casa – corpo que mais tarde foi cedido para escola –, começou a construção da capela em honra a Nossa Senhora do Amparo.

A capela tem uma grande importância nas comunidades do Norte – é decisiva para a organização dos espaços urbanizados e comunitários. Um elemento fundamental nas suas vivências e práticas religiosas e, também de ostentação e afirmação social. Na Casa Grande de Romarigães, a capela está situada na área privada da quinta, contudo em tempos foi aberta à comunidade. Este serviço era uma condição de concessão de provisão para a instalação destas estruturas.

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Ano de construção

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Reabilitação corpo nascente

História

Um apreciável
cadastro de
casas solarengas.

Na obra de Aquilino, nas últimas páginas do capítulo quinto (V), ficamos a saber que o mestre, que concebeu a magnífica capela barroca, chamava-se Cebreiro e provinha de Valadares, província galega de Pontevedra. Através das descrições de Aquilino e de algumas fotografias, conseguimos interpretar que o acesso entre a casa e a capela era realizado através de um passadiço de madeira. A capela nos dias de hoje ainda conserva alguns pormenores da estrutura que permitia o encaixe do coro. O acesso dos proprietários era realizado por uma cota superior, enquanto o do público era efectuado à cota da estrada.

Outro elemento fundamental nesta quinta foi o espigueiro, aqui existiu um dos maiores espigueiros da região, do qual, só resta a sua base.

Foi Fernando Luís Dantas de Mendonça e Azevedo, quinto proprietário da Quinta do Amparo, que deu a estrutura actual à casa.

Em 1891 o Conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, retornado do Brasil para onde emigrara na adolescência, arremata em execução pública por dívidas o solar da Quinta do Amparo.

Miguel Dantas casou com Bernardina Maria da Silva, com quem teve um filha, Elzira Dantas Machado. Mais tarde, casa-se com Bernardino Machado com quem teve dezoito filhos, Jerónimo Dantas Machado, mais conhecida por Gigi é a décima segunda proprietária, deu continuidade à administração da Quinta do Amparo juntamente com o seu marido Aquilino Ribeiro.

A Casa Grande de Romarigães, outrora solar dos Meneses e Montenegros, retrata um apreciável cadastro de casas solarengas que reforçam o interesse deste território num itinerário obrigatório do turismo cultural.

Em 1941, o corpo nascente da casa encontrava-se arruinado, Aquilino Ribeiro promove então a reabilitação do conjunto que passa a ter a configuração que hoje lhe conhecemos.

A Casa Grande tinha uma implantação em forma de U, e viu então suprimida parte do seu corpo nascente, transformando-se em dois corpos distintos – um com a capela e corpo anexo adossados à estrada, e outro, no extremo oposto, com a cozinha original, caracterizada pelo seu pavimento lajeado de granito, pé direito duplo e a ampla chaminé com forno tradicional típico das casas minhotas.

Aquilino com a recuperação da casa tentou permitir uma evolução entre vários cenários possíveis, uma arquitectura de trilhos e caminhos e que exige uma operação de restauro com o objectivo da manutenção da memória. A casa foi herdada pelo único filho de Jerónima Dantas Machado e Aquilino Ribeiro, seu nome Aquilino Ribeiro Machado, meu avô, que de certa forma amparou este lugar com o objectivo de preservar uma história contada pelo seu pai. A vontade do escritor, era tornar a quinta um jardim maravilhoso, que foi, de certa forma conseguida pelo seu filho.

Em 2023, promove-se a reabilitação da Casa Grande de Romarigães em parceria com a Câmara Municipal de Paredes de Coura e a família do escritor.
O projecto de arquitectura para a reabilitação do conjunto edificado é da autoria do atelier Girão Lima, constituído pela arquitecta Matilde Girão e pelo arquitecto Ricardo Pedroso de Lima, bisneto do escritor.

Autoria de Maria Pedroso de Lima.

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