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Concerto Calligraphy com Vitor Joaquim, Ulrich Mitzlaff e João silva.
sábado, 11 de maio – 16h30
Sábado, 01 de junho – 15h00
Uma conversa de António Rafael com Tiago Pereira seguida de DJ Set.
Sábado, 06 de julho – 16h00
Apresentação do livro com Valter Hugo Mãe.
Sábado, 17 de agosto – 16h00
Uma conversa de Vitor Paulo Pereira com Ana Isabel Queiroz.
Sábado, 28 de setembro – 16h00
Projeto do TNDMII em parceria com a Casa Fernando Pessoa. Uma vez por mês, o Clube dos Poetas Vivos reúne-se para conversar e ouvir poesia.
Teresa Coutinho recebe poetas que partilham histórias e poemas. Desde 2023 o Clube dos Poetas Vivos tem seguido em digressão com a Odisseia Nacional e continuará em 2024.
Sábado, 26 de outubro – 16h00
Pré-estreia do documentário com a apresentação de João Pedro Marnoto.
Sábado, 16 de novembro – 15h00
“Para o ano, por esta altura, voltarão as aves a cantar. Que chova, que faça um sol radioso, com o mundo vegetal pletórico de seiva ou mais aganado, à triste planta humana é que nada a afasta da sua carreira para a morte. Será ela a obra-prima da Criação ou a pior de todas?”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
“Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta, Acudiram os pássaros, os insectos, roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos pousios em vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes por isso mesmo troféus de vitória”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
“E, pois que assim era, enquanto não chegavam os hábeis alvenéis que ele próprio mandou vir de Marin e Cambados, trolhas do sítio demoliram a velha capela, que pouco mais era que um tosco humiladero. Lançada a primeira pedra com a pedra com a benção do arcipreste da Labruja, acolitada de todos os padres da terra de Coura, a obra não teve um só dia de quebranto, obedecendo rigorosamente à traça maravilhosa. Nossa Senhora do Amparo ocuparia, entre S. Pedro e S. Paulo, cada um em seu absidíolo, o lugar de honra, próprio da sua excelsitude. E seria o seu uma espécie de retábulo delicioso com as suas colunas historiadas e entablamento, que suspendiam ao alto duas figurinhas celestiais , a que só faltavam asas para serafins”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
“Na primavera, a quinta tornava-se céu aberto. Regressavam de longe as aves migradoras, transmarinas, que consideravam a mata natal a sua cidade santa. Recreavam-se as corutas dos pinheiros com rolas e cucos, mestres de solta. Uma poupa todos os anos vinha fazer o ninho debaixo duma telha no estábulo das vacas. E ali estava ela a toda a hora: “Oupa! Oupa! Por vezes tomava-se de frenesim e as notas saíam-lhe em colcheia, guturais e atropeladas”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
“Com a assiduidade dos ágapes, formou-se em volta de António Telmo uma espécie de Távola Redonda. Seriam afinal mais de doze pares e quanto a qualidade muito veio a rezar a história. António Telmo ia por feiras e romarias com a sua guarda pretoriana, e ditava a chuva e o bom tempo. Ele com o seu porrete, mais que bengala, menos que bastão de marechal, tão alto que lhe chegava ao peito, castão de prata atravessado por uma ataca de couro em cuja laçada passava o pulso, fazia as eleições, nomeava os regedores, empossava e desempossava as Câmaras da região”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
“No amparo, a terra era mais apta às plantas viris, os carvalhos, os pinheiros, os castanheiros que fabricavam o seu solo, estoirando a rocha e desagregando o folhado do xisto como se abrem as páginas dum livro”
(Aquilino Ribeiro, “A Casa Grande de Romarigães”, 1957)
(Aquilino Ribeiro, introdução de “A Casa Grande de Romarigães”, 1957).